Os bordões das idades de tão habituais afastam-se dos seus reais significados. Dei-me conta disso quando lembrei que no próximo ano farei 40 anos, embora alguns acreditem que não cheguei aos 30. Quando a ficha caiu tomei um susto e fiz uma retrospectiva de algumas fases, particularmente no que se refere às “idades mutantes”.
Aos 15 anos me disseram que eu estava “debutando”, ou seja, mudando para uma nova fase, na qual passaria a ser vista como uma moça me preparando pra ser mulher.
Quando cheguei aos meus 25 anos notei quantas diferenças surgiram em 10 anos. O bordão da vez era um tal de “tiro na macaca”. Pelo menos na minha região usa-se a expressão para mulheres que chegaram aos 25 sem ter casado. Em nem ligava para a brincadeira e até brincava dizendo que por mim daria tiro no zoológico inteiro.
Pois bem, mais alguns anos passaram; é chegada a hora da “mulher balzaquiana”: Completei 30 anos! O Borjão originou-se do romance intitulado A Mulher de 30 do Francês Honoré de Balzac que falava sobre a maturidade da mulher ao chegar nesta idade.
Alguns anos passaram, deixei de dar tiro na macaca os 33 anos quando casei. E agora outro bordão bate a porta da minha vida: “A idade da loba”. Usado para as mulheres de 40 anos, surgiu para definir o perfil de uma nova mulher, fruto de lutas feministas e liberação sexual.
Do primeiro bordão que surgiu na minha vida ao próximo - já está ali no futuro não muito distante – mudanças infinitas podem ser notadas. Fisicamente falando aumentei alguns números de manequim, a mudança mais relevante trata-se do meu EU interior. Meus medos são outros, os anteriores eu já chutei pra longe. Meus anseios ficaram mais sofisticados porque os anteriores praticamente todos foram realizados e se não foram é porque deixaram de ser desejados.
Enfim, a porta está entreaberta aguardando a Idade da Loba